O Centro de Teatro do Oprimido esta realizando várias oficinas por toda a comunidade da Maré completamente GRÁTIS em diversos horários e dias, incluindo fins de semana. Se você for morador da Maré ou mora ao entorno e quer fazer teatro, entre em contato para saber o local das oficinas mais próximo de sua casa, segue data da nossa próxima oficina. Inscrição pode ser feita na hora, ok? Para maiores informações, faça contato com professora de teatro Janaína pelo tel: 22325826 / 22150503 / cel: 979173823 (TIM) 986583709 (OI) ou por e-mail: jannasalamandra@gmail.com / FACE: https://www.facebook.com/ctomare
OBs: ESTE CONVITE NÃO SE APLICA A CARGA HORÁRIA DO CURSO DA SÃO MARTINHO! O JOVEM QUE QUISER FAZER ESTAS OFICINAS, ESTANDO NO CURSO OU NA EMPRESA TERÁ QUE PARTICIPAR DAS OFICINAS EM HORÁRIOS DIFERENTES DAS ATIVIDADES DA SÃO MARTINHO OU DA EMPRESA ONDE ESTÁ LOCADO.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
50 ANOS DA DITADURA MILITAR NO BRASIL
Numa
época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo que
expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o Brasil
viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem hinos e
verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de
se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas,
elas traduziam tudo o que sentiam.
Além
disso, os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela
TV Tupi, auxiliaram na divulgação das canções tornando-as ainda mais populares.
Essa lista pretende mostrar as músicas que criticavam o governo militar,
contando um pouco da história de cada uma delas e seus significados ocultos,
que passaram, muitas vezes, batidos pela censura.
Pra
Não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré
Nada
mais lógico e natural que começar a lista com o hino do movimento de
resistência. Pra Não Dizer que
não Falei das Flores, composta em 1968, pelo paraibano Geraldo Vandré, fez
com que os militares censurassem a canção por fazer clara referência contrária
ao governo ditatorial. O refrão “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/
Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer” foi considerado um verdadeiro
chamado às ruas contra os ditadores.
Além
do refrão, a estrofe “Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/
De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela
pátria/ E viver sem razão” é uma das mais explícitas das produções musicais no
momento. Não faz rodeios. Vai direto à crítica aos militares.
O
sucesso da canção é atribuído aos mais diversos fatores: a rima de fácil
assimilação e que “gruda”; a melodia em forma de hino, o que acaba por se
tornar mais uma provocação ao regime; além de retratar os desejos e anseios da
geração da época. Ao lado, uma gravação histórica de Vandré cantando a canção
no Maracanãzinho, em 1968, que inclui uma severa crítica aos militares no
início e uma série de vaias provindas da arquibancada.
Apesar
de você, de Chico Buarque
Provavelmente,
a música mais representativa do momento da safra de Chico Buarque, um dos
principais compositores contrário ao regime militar. Lançada em 1970, foi
imediatamente censurada pelos militares que, rapidamente, identificaram a
crítica implícita à falta de liberdade.
Porém,
antes mesmo da censura, a cantora Clara Nunes gravou e lançou a canção em um
compacto. Foi o bastante para a música, assim como Pra Não Dizer que não Falei das
Flores, se tornasse um hino de resistência, sendo comum ver pessoas
entoando o refrão nas ruas.
Chico
e Clara, aliás, sofreram consequências. Chico foi perseguido e censurado pelo
restante do governo. Suas músicas, até mesmo as que não possuíam uma crítica
muito dura, eram censuradas e proibidas de serem gravadas. Já Clara Nunes se
viu obrigada a realizar publicidade ao governo para não sofrer outras sanções.
Opinião,
de Zé Keti
Opinião, do
Zé Keti, inicialmente, nada tinha a ver com o Regime Militar. Composta em 1964
para a peça teatral homônima, ela era uma crítica ao governo estadual do Rio de
Janeiro que desejava retirar as favelas do morro. Porém, o sucesso da música na
voz da cantora Nara Leão foi tão grande que acabou transcendendo o problema
local e se tornou uma crítica ao governo militar que viria a censurar, quatro
anos depois, a canção de Zé Keti.
Apesar
da letra impactante e extremamente forte, é interessante um comentário do
escritor Ruy Castro sobre um dos versos, o trecho “deixa andar/deixa andar”, no
qual o eu-lírico fica conformado com a situação. “Era inacreditável que as
pessoas não se sentissem desconfortáveis na plateia quando Zé Keti continuava a
letra e cantava o trecho que apresenta o mais leso e preguiçoso conformismo,
mas ninguém parecia reparar, afinal”, dizia o escritor.
O
Bêbado e a Equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco
Em
1977, João Bosco fez a melodia, inspirado pela morte de Charlie Chaplin, e
entregou para Aldir Blanc colocar a letra. Alguns anos depois, com o uso de
metáforas, traço característico da obra de Aldir, a música acabou se tornando
um marco da luta contra a ditadura ao criticar a ditadura militar de uma forma
extremamente poética.
A
poesia, aliás, começa no título. O bêbado seria a representação de todos os
artistas que lutavam contra o regime. E a equilibrista é a esperança de que
dias com liberdade virão. Além disso, outras referências são feitas. O verso “E
nuvens/ Lá no mata-borrão do céu”, por exemplo, refere-se aos militares
(nuvens, ou seja, inalcançáveis), que ficavam no DOI-CODI (mata-borrão, para
corrigir erros) e que, assim como os militares, ficavam inalcançáveis (céu).
Enfim, O Bêbado e a
Equilibrista é genial.
Ponteio,
de Edu Lobo
Ponteio,
sucesso de Edu Lobo de 1967,é uma das músicas mais complicadas de se achar um
significado crítico ao regime militar. Porém, ao se analisar mais
profundamente, nota-se que o eu-lírico mostra um desejo de tocar sua viola, mas
é impedido pelo tempo mudado (ditadura). Por isso, ele teria que
procurar um novo lugar para depositar seus desejos e anseios.
Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio
Sampaio
Durante
a Ditadura, os militares andavam com tropas pelas ruas para evitar
manifestações populares. Sérgio Sampaio, então, no ano de 1972, lança Eu quero é botar meu bloco na rua, onde o compositor impõe seu desejo de que as
tropas sejam substituídas pelos blocos (povo). Além disso, refere-se aos
militares comoDurango Kid, um durão cowboy dos faroestes americanos.
Cálice,
de Chico Buarque e Gilberto Gil
A
música, composta em 1973, só pode ser lançada cinco anos depois, devido à forte
censura. Fazia um inteligentíssimo jogo de palavras entre “cálice” e “cale-se”.
Além disso, faz claras referências ao regime da época em versos fortíssimos
como “quero cheirar fumaça de óleo diesel”, onde faz alusão à prática de
tortura onde o preso era submetido ao processo de inalar fumaça de óleo diesel.
Como
nossos pais, de Belchior
Como
nossos pais, do cantor e compositor Belchior e sucesso na voz de Elis
Regina, fala de uma juventude que era reprimida pela ditadura, não
possibilitando que a situação política do país fosse mudada. Ou seja, agíamos
como nossos pais, sem vontade ou sem sentir a necessidade de lutar para mudar o
então quadro político.
Apesar
da visão acima ser a mais frequente, o significado da música ainda é pouco
certo. Alguns alegam que Belchior queria apenas passar um desabafo aos jovens
que viviam na base de uma ideologia qualquer, sem viver a vida plenamente.
Alegria,
Alegria, de Caetano Veloso
Lançada
em 1967, a letra indica os abusos sofridos cotidianamente pelo cidadão. Seja
nas ruas, nos meios de comunicação ou em qualquer parte do próprio país. Ela
crítica várias mazelas que atacavam o Brasil no período através de inteligentes
metáforas. Era o abuso de poder, a violência praticada pelo regime, o
cerceamento da liberdade de expressão e até mesmo desníveis sociais.
Primavera
nos dentes, de João Ricardo e João Apolinário
Muitos
consideram Chico Buarque como o grande herói da luta contra a ditadura e acabam
se esquecendo do grupo Secos
& Molhados. Liderados por Ney Matagrosso, eles gravaram uma série de
canções com uma crítica muito bem escondida ao regime militar. Eram letras com
um teor ácido muito intenso e interessantíssimo. Além disso, só de se analisar
o visual dos integrantes, que pintavam o rosto e se apresentavam com roupas
extravagantes, já era uma provocação aos conservadores militares.
Aqui,
uma canção com uma crítica ao regime formidável e muito bem construída por João
Ricardo, integrante do grupo, e seu pai, João Apolinário.
Acorda
Amor, de Chico Buarque
Mais
uma canção do mestre Chico Buarque. Essa, porém, é uma das mais explícitas. Em
um dos trechos (“era a dura/numa muito escura viatura”) faz quase uma
referência direta à ditadura militar. De maneira muito clara, ela narra a
história de alguém que é levado de casa pelos militares por ser um opositor ao
regime.
O que
é interessante de ser observado é que o eu-lírico até se confunde ao tentar
pedir ajuda. Ele pede, desesperadamente, para chamar alguém. Mas quem? A polícia?
Por isso, ao final, ele pede ajuda até mesmo a algum ladrão. O mais
interessante é que a música, gravada em 1974, passou no primeiro crivo da
censura!
Mosca
na Sopa, de Raul Seixas
Apesar
de muitos não considerarem a música de Raul como crítica ao regime militar, o
seu principal sentido atribuído é o de que a mosca é o povo e a sopa, os
militares. Assim sendo, o povo seria aquele que atrapalha, incomoda. Porém,
mesmo assim, não pode ser eliminado, pois sempre existem aqueles que se
levantam contra o regime.
Que
as crianças cantem livres, de Taiguara
Taiguara
foi um dos músicos mais censurados e perseguidos durante a Ditadura Militar.
Teve 68 canções censuradas e foi obrigado a se exilar, ao ser ameaçado,
inúmeras vezes, de tortura. Em Que
as crianças cantem livres, Taiguara, fala sobre os problemas graves do
período, mas com uma esperança ao final de seus versos. Esperança de tempos
livres, onde as crianças poderão cantar livremente.
É, de
Gonzaguinha
Gonzaguinha
foi mais um ferrenho crítico à Ditadura. Porém, suas músicas tinham um
significado mais cheio de esperança. A música É se tornou um grito de liberdade
com versos diretos e sem rodeios.
Vence
na vida quem diz sim, de Chico Buarque
Para
encerrar, mais uma de Chico e, em minha opinião, a mais forte da lista. Vetada
na íntegra pelos censores, fato muito difícil de acontecer, ela fala sobre a
necessidade de se dizer “sim” à tudo no período. Se te torturassem, por
exemplo, deveria responder “sim”. Desse modo, provavelmente os militares se
contentariam e a tortura cessaria.
Meu caro Amigo, de Chico Buarque
Foi uma carta musicada que Chico escreveu para
Augusto Boal que encontrava foragido e exilado na França e não poderia ser
localizado pelos ditadores que tinham ordem expressa de localizá-lo e matá-lo,
por este motivo ele não poderia receber correspondências até mesmo porque não
tinha residência fixa, vivia mudando de cidade e de país a cada 2 á 3 meses,
para sua segurança e de sua família. Assim como Chico outros artistas
utilizaram a musica para informar aos guerrilheiros e artista exilados como
estava indo a coisa no Brasil, como Elis Regina com as musica Alô, Alô Marciano
entre outras.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Novas atualizações no menu "Inclusão Digital" em Microsoft Word - Modelos de Documentos utilizado nas Empresas
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
O Ritual do Corpo entre os Sonacirema
Introdução geral à cultura Sonacirema
O Prof. Linton foi o primeiro a chamar a atenção dos antropólogos para o complexo ritual dos Sonacirema, há vinte anos atrás, mas a cultura deste povo é ainda pouco compreendida. Os Sonacirema são um grupo norte-americano que vive no território que se estende desde os Cree do Canadá, aos Yaqui e Tarahumara do México, e aos Caribe e Aruaque das Antilhas. Pouco se sabe quanto à sua origem, embora a tradição mítica afirme que eles vieram do leste.
A cultura Sonacirema se caracteriza por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que se beneficiou de um habitat cultural muito rico. Embora a maior parte do tempo das pessoas, nesta sociedade, seja devotada à ocupação econômica, uma grande porção dos frutos destes trabalhos e uma considerável parte do dia são despendidas em atividades rituais. O foco destas atividades é o corpo humano, cuja aparência e saúde constituem a preocupação dominante deste povo. Embora tal tipo de preocupação não seja realmente pouco comum, seus aspectos cerimoniais e a filosofia aí implícitas são únicas.
A crença fundamental subjacente a todo o sistema parece ser a de que o corpo humano é feio, e que sua tendência natural é a debilidade e a doença. Encarcerado em tal corpo, a única esperança do homem é evitar estas características, através do uso de poderosas influências do ritual e de cerimônia. Todo o grupo doméstico possui um ou mais santuários dedicados a tal propósito. Os indivíduos mais poderosos desta sociedade têm vários santuários em sua casa e, de fato, a opulência de uma casa é freqüentemente aferida em termos da quantidade dos centros de rituais que abrigam.
Os santuários dos Sonacirema
Embora cada família possua ao menos um destes santuários, os rituais a eles associados não são cerimônias familiares, mas sim privadas e secretas. Os ritos, normalmente, só são discutidos com as crianças, e isto apenas durante a fase em que elas estão sendo iniciadas nestes mistérios. Eu pude, entretanto, estabelecer com os nativos uma relação que me permitiu examinar este santuário e anotar a descrição destes rituais.
O ponto focal do santuário é uma caixa ou arca embutida na parede. Nesta arca são guardados os inúmeros feitiços e poções mágicas, sem os quais nenhum nativo acredita que poderia viver. Tais feitiços e poções são obtidos de vários profissionais especializados. Dentre estes, os mais poderosos são os curandeiros, cujos serviços devem ser retribuídos por meio de presentes substanciais. No entanto, o curandeiro não fornece as poções curativas para seus clientes, decidindo apenas os ingredientes que nelas devem entrar, escrevendo-os em seguida em uma linguagem antiga e secreta. Tal escrito só pode ser decifrado pelo curandeiro e pelos herbanários, os quais, mediante outros presentes, fornecem o feitiço desejado.
O feitiço não é descartado depois de ter servido a seu propósito, mas sim colocado na caixa de mágica do santuário doméstico. Como estes materiais mágicos são específicos para certas doenças, e considerando-se que as doenças reais ou imaginárias deste povo são muitas, a caixa de mágicas costuma estar sempre transbordando. Os pacotes mágicos são tão numerosos que as pessoas esquecem sua serventia original, e temem usá-los de novo. Embora os nativos tenham se mostrado vagos em relação a esta questão, só podemos concluir que a idéia subjacente ao costume de se guardar todos os velhos materiais mágicos, é a de que sua presença na caixa de mágica, diante da qual os rituais do corpo são encenados, protegem de alguma forma o fiel.
Embaixo da caixa de mágicas existe uma pequena fonte. Todo dia, cada membro da família, em sucessão, entra no quarto do santuário, curva a cabeça diante da caixa de mágica, mistura diferentes tipos de água sagrada na fonte e realiza um breve rito de ablução. As águas sagradas são obtidas do Templo da água da comunidade, onde os sacerdotes conduzem elaboradas cerimônias para manter o líquido ritualmente puro.
Os sacerdotes dos Sonacirema
Na hierarquia dos profissionais da magia e abaixo do curandeiro em termos de prestígio, estão os especialistas, cuja designação é melhor traduzida por “homens-da-boca-sagrada”. Os Sonacirema têm um horror pela boca e uma fascinação por ela que chega às raias da patologia. Acredita-se que a condição da boca possui uma influência sobrenatural nas relações sociais. Não fosse pelos rituais da boca, os Sonacirema acham que seus dentes cairiam, suas gengivas sangrariam, suas mandíbulas encolheriam, seus amigos os abandonariam, seus amantes os rejeitariam. Eles também acreditam na existência de uma forte relação entre características orais e morais.
O ritual do corpo cotidianamente realizado por todos inclui um rito bucal. Apesar de sabermos que este povo é tão meticuloso no que diz respeito ao cuidado da boca, este rito envolve uma prática que o estrangeiro não-iniciado não consegue deixar de achar repugnante. Conforme foi descrito, o rito consiste na inserção de um pequeno feixe de cerdas de porco na boca, juntamente com certos pós mágicos, e em seguida na movimentação deste feixe segundo uma série de gestos altamente formalizados.
Além deste rito bucal privado, as pessoas procuram um homem-da-boca-sagrada uma ou duas vezes por ano. Estes profissionais possuem uma impressionante parafernália que consiste em uma variedade de perfuratrizes, furadores, sondas e agulhas. O uso destes objetos no exorcismo dos perigos da boca implica uma quase e inacreditável tortura ritual do cliente. O homem-da-boca-sagrada abre a boca do cliente e, usando as ferramentas citadas, alarga qualquer buraco que o uso tenha feito nos dentes. Materiais mágicos são então depositados nestes buracos. Se não se encontram buracos naturais nos dentes, grandes seções de um ou mais dentes são serrados, para que a substância sobrenatural possa ser aplicada. Na imaginação do cliente, o objetivo destas aplicações é deter ao apodrecimento dos dentes e atrair amigos. O caráter extremamente sagrado e tradicional do mito fica evidente no fato de que os nativos retornam todo ano ao homem-da-boca-sagrada, embora seus dentes continuem a se deteriorar.
Deve-se esperar que quando um estudo intensivo dos Sonacirema for feito, seja realizada uma pesquisa cuidadosa sobre a estrutura de personalidade destes nativos. Basta observar o brilho nos olhos de um homem-da-boca-sagrada quando ele enfia uma agulha em um nervo exposto, para que se suspeite de que uma certa dose de sadismo está presente. Se isto puder ser verificado, uma configuração muito interessante emergirá, posto que a maioria da população mostra tendências masoquistas bem definidas. Era a tais tendências que o Professor Linton se referia, ao discutir uma parte especial do ritual cotidiano do corpo, que é apenas realizada pelos homens. Esta parte do rito envolve uma arranhadura e laceração da superfície do rosto por meio de um instrumento cortante. Ritos femininos especiais ocorrem somente quatro vezes por mês lunar, mas o que lhes falta em freqüência, lhes sobra em barbárie. Como parte desta cerimônia, as mulheres assam suas cabeças em pequenos fornos durante mais ou menos uma hora. O ponto teoricamente interessante é que um povo dominantemente masoquista desenvolve especialistas sádicos.
O templo dos Sonacirema
Os curandeiros possuem um templo imponente, o latipsoh, em cada comunidade de algum tamanho. As cerimônias mais elaboradas, necessárias para o tratamento de pacientes muito doentes, só podem ser realizadas neste templo. Tais cerimônias envolvem não só o taumaturgo, mas também um grupo permanente de vestais que se movimentam nas câmaras do templo com uma roupa e um penteado distintivos.
As cerimônias latipsoh são tão violentas que chega a ser fenomenal o fato que uma razoável proporção dos nativos realmente doentes que entram no templo consiga curar-se. Crianças pequenas, cuja doutrinação é ainda incompleta, costumam resistir às tentativas de leva-las ao templo, alegando que “é aonde você vai para morrer”. Apesar disto, os doentes adultos não apenas desejam, como ficam ansiosos para submeter-se à prolongada purificação ritual, se eles possuem meios para tanto. Os guardiões de muitos templos, não importa quão doente o suplicante ou quão grave a emergência, não admitem o cliente se ele não puder dar um rico presente ao zelador. Mesmo depois que se conseguiu a admissão e se sobreviveu às cerimônias, os guardiões não permitem a saída do neófito até que este dê ainda outro presente.
O(a) suplicante, ao entrar no templo, é primeiramente despido(a) de todas as suas roupas. Na vida cotidiana, os Sonacirema evitam a exposição de seus corpos quando das suas funções naturais. O banho e a excreção são realizados somente na intimidade do santuário doméstico, aonde são ritualizados, fazendo parte dos ritos corporais. A súbita perda da privacidade corporal, ao se entrar no latipsoh, costuma causar um choque psicológico. Um homem, cuja própria mulher jamais viu quando ele realizava um ato excretório, de repente encontra-se nu, assistido por uma vestal, enquanto executa assim suas funções naturais dentro de um vaso sagrado. Este tipo de tratamento cerimonial é necessário porque as excreções são usadas por um adivinho para diagnosticar o curso e a natureza da doença do paciente. Os clientes femininos, por seu lado, vêm seus corpos nus submetidos ao escrutínio, manipulação e espetadelas dos curandeiros.
Poucos suplicantes no templo estão suficientemente bem para fazer qualquer coisa que não seja ficar deitados nas camas duras. As cerimônias, como os já citados ritos do homem-da-boca-sagrada, implicam desconforto e tortura. Com precisão ritual, as vestais acordam a cada madrugada seus miseráveis pacientes, rolam-nos em seus leitos de dor, enquanto realizam abluções, cujos movimentos formalizados são objeto de treinamento intensivo das vestais. Em outros momentos, elas inserem varas mágicas na boca do paciente, ou obrigam-no a comer substâncias que são consideradas curativas. O fato de que estas cerimônias do templo possam não curar, ou possam mesmo matar o neófito, não diminui de modo algum a fé do povo nos curandeiros.
O curandeiro Escutador
Ainda resta um outro tipo de especialista, conhecido como um “escutador”. Este feiticeiro tem o poder de exorcizar os demônios que se alojam nas cabeças das pessoas que foram enfeitiçadas. Os Sonacirema acreditam que os pais fazem feitiçaria entre seus próprios filhos. As mães são especialmente suspeitas de colocarem uma maldição na criança, enquanto ensinam a elas os ritos corporais secretos. A contra-magia do feiticeiro “escutador” é singular por sua relativa ausência de ritual. O paciente simplesmente conta ao “escutador” todos os seus problemas e medos, começando com as primeiras dificuldades de que pode se lembrar. A memória exibida pelos Sonacirema nestas sessões de exorcismo é verdadeiramente notável. Não é incomum que o paciente lamente a rejeição que sentiu ao ser desmamado, e alguns indivíduos chegam a localizar seus problemas nos efeitos traumáticos de seu próprio nascimento.
Outros rituais
Para concluirmos, deve-se mencionar certas práticas que estão baseadas na estética nativa, mas que dependem da aversão generalizada ao corpo e às funções naturais. Há jejuns rituais para fazer pessoas gordas ficarem magras, e banquetes cerimoniais para fazer pessoas magras ficarem gordas. Outros ritos ainda são usados para fazer os seios das mulheres maiores, se eles são pequenos, e menores, se eles são grandes. Uma insatisfação geral com a forma dos seios é simbolizada pelo fato de que a forma ideal está virtualmente fora do espectro da variação humana. Umas poucas mulheres que sofrem de um quase inumano desenvolvimento hipermamário são tão idolatradas que podem viver muito bem através de simples viagens à aldeia, permitindo aos nativos admirá-los mediante uma taxa.
Já fizemos referências ao fato de que as funções excretórias são ritualizadas, rotinizadas e relegadas ao domínio do secreto. As funções reprodutivas naturais são igualmente distorcidas. O intercurso sexual é tabu como tópico de conversa, e programado e planejado enquanto ato. Grandes esforços são feitos para evitar a gravidez por meio de uso de materiais mágicos, ou pela limitação do intercurso em certas fases da lua. A concepção é realmente muito pouco freqüente. Quando grávidas, as mulheres se vestem de forma a ocultar seu estado. O parto se realiza em segredo, sem amigos ou parentes assistindo, e a maioria das mulheres não amamenta nem cuida dos seus bebês.
Nossa descrição da vida ritual dos Sonacirema certamente mostrou que eles são um povo obcecado pela magia. É difícil compreender como eles conseguiram sobreviver por tanto tempo debaixo dos pesados fardos que eles mesmos se impuseram. Mas, mesmo os costumes tão exóticos quanto estes, ganham seu verdadeiro sentido quando encarados a partir do esclarecimento feito por Malinowski, quem escreveu:
“Olhando de cima e de longe, dos lugares seguros e elevados da civilização desenvolvida, é fácil ver toda a rudeza e a irrelevância da magia. Mas sem este poder e este guia, o homem primitivo não poderia ter dominado as dificuldades práticas como fez, nem poderia o homem ter avançado até os mais altos estágios da civilização.”
[NE) Autor original: Horace Minner. Traadução atribuída a Eduardo B. Viveiros de Castro, versão original em inglês disponível em http://www.ohio.edu/people/thompsoc/Body.html
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Comportamento De Selecionadores E Requisitantes Em Seleções
|
5 habilidades fundamentais para se trabalhar em equipe
5 habilidades fundamentais para se trabalhar em equipe
Capacidade de atuar em conjunto é essencial para o mercado de trabalho
Uma das principais características procuradas hoje no mercado é saber trabalhar em equipe. Buscar essas melhorias faz com que os colaboradores criem habilidades e comecem a fazer a diferença, como, por exemplo, o aumento da produtividade.
A interação da equipe favorece também a capacidade de agregar valor e de gerar confiança, proporcionando um ambiente saudável e positivo. Com essa motivação os colaboradores se sentem mais motivados e preparados para as oportunidades da empresa.
Trabalhar em equipe não é apenas trabalhar em conjunto é preciso de compartilhamento. Os resultados nunca são alcançados apenas por uma pessoa, é preciso compartilhar com o outro para chegar ao objetivo final.
Procurar desenvolver suas habilidades em equipe é se destacar e dar espaço para a liderança. Empresas valorizam profissionais capazes de gerir e motivar os colaboradores, buscando sempre o desenvolvimento da equipe e os melhores resultados.
Confira algumas habilidades fundamentais para se trabalhar em equipe:
- Administrar conflitos: É importante saber lidar com os conflitos do dia a dia na empresa. Neste sentido, desenvolver a habilidade de conversar para esclarecer os fatos e conciliar as necessidades é sempre a melhor opção nesse momento. Assim você gera confiança e afeição da equipe.
- Comunicação: Saber valorizar a comunicação entre você e os outros colaboradores é fundamental para o trabalho em equipe. Escutar e falar na hora certa também é uma habilidade importante para que o ambiente se torne agradável e produtivo.
- Proatividade: Tomar atitude é um ponto positivo. Estar sempre disposto a ajudar e a resolver os problemas ajuda no seu desenvolvimento de sua equipe.
- Inovar: Procurar inovar é sempre importante para o crescimento da empresa e dos profissionais. Buscar soluções e alternativas é fazer com que todos cheguem ao melhor resultado com mais assertividade e o que é melhor, em pouco tempo.
- Confiança: É fundamental desenvolver a confiança entre as pessoas que estão a sua volta. Gerar esse sentimento é ganhar um espaço maior na equipe, pois você sempre será o apoio de cada um e saberá quando e como contar com cada colaborador.
Essas habilidades citadas são formas de aprender a importância de cada gesto que você desenvolve em sua empresa. Buscar líderes engajados e que consigam colocar em prática o seu trabalho em equipe é essencial para o crescimento das organizações.
Invista na melhoria de suas relações interpessoais, aprenda a trabalhar em equipe e alcance resultados extraordinários!
Assinar:
Postagens (Atom)