quarta-feira, 21 de maio de 2014

CONVITE PARA OS JOVENS DA COMUNIDADE DA MARÈ

O Centro de Teatro do Oprimido esta realizando várias oficinas por toda a comunidade da Maré completamente GRÁTIS  em diversos horários e dias, incluindo fins de semana. Se você for morador da Maré ou mora ao entorno e quer fazer teatro, entre em contato para saber o local das oficinas mais próximo de sua casa, segue data da  nossa próxima oficina. Inscrição pode ser feita na hora, ok? Para maiores informações, faça contato com professora de teatro Janaína pelo tel: 22325826 / 22150503 / cel: 979173823 (TIM) 986583709 (OI) ou por e-mail: jannasalamandra@gmail.com / FACE: https://www.facebook.com/ctomare

OBs: ESTE CONVITE NÃO SE APLICA A CARGA HORÁRIA DO CURSO DA SÃO MARTINHO! O JOVEM QUE QUISER FAZER ESTAS OFICINAS, ESTANDO  NO CURSO OU NA EMPRESA TERÁ QUE PARTICIPAR DAS OFICINAS  EM HORÁRIOS DIFERENTES  DAS ATIVIDADES DA SÃO MARTINHO OU DA EMPRESA ONDE ESTÁ LOCADO.

50 ANOS DA DITADURA MILITAR NO BRASIL

Descrição: http://literatortura.com/wp-content/uploads/2014/03/o-fim-da-ditadura.jpg
Numa época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo que expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem hinos e verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas, elas traduziam tudo o que sentiam.
Além disso, os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela TV Tupi, auxiliaram na divulgação das canções tornando-as ainda mais populares. Essa lista pretende mostrar as músicas que criticavam o governo militar, contando um pouco da história de cada uma delas e seus significados ocultos, que passaram, muitas vezes, batidos pela censura.

Pra Não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré
Nada mais lógico e natural que começar a lista com o hino do movimento de resistência. Pra Não Dizer que não Falei das Flores, composta em 1968, pelo paraibano Geraldo Vandré, fez com que os militares censurassem a canção por fazer clara referência contrária ao governo ditatorial. O refrão “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer” foi considerado um verdadeiro chamado às ruas contra os ditadores.
Além do refrão, a estrofe “Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/ De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela pátria/ E viver sem razão” é uma das mais explícitas das produções musicais no momento. Não faz rodeios. Vai direto à crítica aos militares.
O sucesso da canção é atribuído aos mais diversos fatores: a rima de fácil assimilação e que “gruda”; a melodia em forma de hino, o que acaba por se tornar mais uma provocação ao regime; além de retratar os desejos e anseios da geração da época. Ao lado, uma gravação histórica de Vandré cantando a canção no Maracanãzinho, em 1968, que inclui uma severa crítica aos militares no início e uma série de vaias provindas da arquibancada.

Apesar de você, de Chico Buarque
Provavelmente, a música mais representativa do momento da safra de Chico Buarque, um dos principais compositores contrário ao regime militar. Lançada em 1970, foi imediatamente censurada pelos militares que, rapidamente, identificaram a crítica implícita à falta de liberdade.
Porém, antes mesmo da censura, a cantora Clara Nunes gravou e lançou a canção em um compacto. Foi o bastante para a música, assim como Pra Não Dizer que não Falei das Flores, se tornasse um hino de resistência, sendo comum ver pessoas entoando o refrão nas ruas.
Chico e Clara, aliás, sofreram consequências. Chico foi perseguido e censurado pelo restante do governo. Suas músicas, até mesmo as que não possuíam uma crítica muito dura, eram censuradas e proibidas de serem gravadas. Já Clara Nunes se viu obrigada a realizar publicidade ao governo para não sofrer outras sanções.

Opinião, de Zé Keti
Opinião, do Zé Keti, inicialmente, nada tinha a ver com o Regime Militar. Composta em 1964 para a peça teatral homônima, ela era uma crítica ao governo estadual do Rio de Janeiro que desejava retirar as favelas do morro. Porém, o sucesso da música na voz da cantora Nara Leão foi tão grande que acabou transcendendo o problema local e se tornou uma crítica ao governo militar que viria a censurar, quatro anos depois, a canção de Zé Keti.
Apesar da letra impactante e extremamente forte, é interessante um comentário do escritor Ruy Castro sobre um dos versos, o trecho “deixa andar/deixa andar”, no qual o eu-lírico fica conformado com a situação. “Era inacreditável que as pessoas não se sentissem desconfortáveis na plateia quando Zé Keti continuava a letra e cantava o trecho que apresenta o mais leso e preguiçoso conformismo, mas ninguém parecia reparar, afinal”, dizia o escritor.
O Bêbado e a Equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco
Em 1977, João Bosco fez a melodia, inspirado pela morte de Charlie Chaplin, e entregou para Aldir Blanc colocar a letra. Alguns anos depois, com o uso de metáforas, traço característico da obra de Aldir, a música acabou se tornando um marco da luta contra a ditadura ao criticar a ditadura militar de uma forma extremamente poética.
A poesia, aliás, começa no título. O bêbado seria a representação de todos os artistas que lutavam contra o regime. E a equilibrista é a esperança de que dias com liberdade virão. Além disso, outras referências são feitas. O verso “E nuvens/ Lá no mata-borrão do céu”, por exemplo, refere-se aos militares (nuvens, ou seja, inalcançáveis), que ficavam no DOI-CODI (mata-borrão, para corrigir erros) e que, assim como os militares, ficavam inalcançáveis (céu). Enfim, O Bêbado e a Equilibrista é genial.
Ponteio, de Edu Lobo
Ponteio, sucesso de Edu Lobo de 1967,é uma das músicas mais complicadas de se achar um significado crítico ao regime militar. Porém, ao se analisar mais profundamente, nota-se que o eu-lírico mostra um desejo de tocar sua viola, mas é impedido pelo tempo mudado (ditadura). Por isso, ele teria que procurar um novo lugar para depositar seus desejos e anseios.
Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio
Durante a Ditadura, os militares andavam com tropas pelas ruas para evitar manifestações populares. Sérgio Sampaio, então, no ano de 1972, lança Eu quero é botar meu bloco na rua, onde o compositor impõe seu desejo de que as tropas sejam substituídas pelos blocos (povo). Além disso, refere-se aos militares comoDurango Kid, um durão cowboy dos faroestes americanos.
Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil
A música, composta em 1973, só pode ser lançada cinco anos depois, devido à forte censura. Fazia um inteligentíssimo jogo de palavras entre “cálice” e “cale-se”. Além disso, faz claras referências ao regime da época em versos fortíssimos como “quero cheirar fumaça de óleo diesel”, onde faz alusão à prática de tortura onde o preso era submetido ao processo de inalar fumaça de óleo diesel.
Como nossos pais, de Belchior
Como nossos pais, do cantor e compositor Belchior e sucesso na voz de Elis Regina, fala de uma juventude que era reprimida pela ditadura, não possibilitando que a situação política do país fosse mudada. Ou seja, agíamos como nossos pais, sem vontade ou sem sentir a necessidade de lutar para mudar o então quadro político.
Apesar da visão acima ser a mais frequente, o significado da música ainda é pouco certo. Alguns alegam que Belchior queria apenas passar um desabafo aos jovens que viviam na base de uma ideologia qualquer, sem viver a vida plenamente.
Alegria, Alegria, de Caetano Veloso
Lançada em 1967, a letra indica os abusos sofridos cotidianamente pelo cidadão. Seja nas ruas, nos meios de comunicação ou em qualquer parte do próprio país. Ela crítica várias mazelas que atacavam o Brasil no período através de inteligentes metáforas. Era o abuso de poder, a violência praticada pelo regime, o cerceamento da liberdade de expressão e até mesmo desníveis sociais.
Primavera nos dentes, de João Ricardo e João Apolinário
Muitos consideram Chico Buarque como o grande herói da luta contra a ditadura e acabam se esquecendo do grupo Secos & Molhados. Liderados por Ney Matagrosso, eles gravaram uma série de canções com uma crítica muito bem escondida ao regime militar. Eram letras com um teor ácido muito intenso e interessantíssimo. Além disso, só de se analisar o visual dos integrantes, que pintavam o rosto e se apresentavam com roupas extravagantes, já era uma provocação aos conservadores militares.
Aqui, uma canção com uma crítica ao regime formidável e muito bem construída por João Ricardo, integrante do grupo, e seu pai, João Apolinário.
Acorda Amor, de Chico Buarque
Mais uma canção do mestre Chico Buarque. Essa, porém, é uma das mais explícitas. Em um dos trechos (“era a dura/numa muito escura viatura”) faz quase uma referência direta à ditadura militar. De maneira muito clara, ela narra a história de alguém que é levado de casa pelos militares por ser um opositor ao regime.
O que é interessante de ser observado é que o eu-lírico até se confunde ao tentar pedir ajuda. Ele pede, desesperadamente, para chamar alguém. Mas quem? A polícia? Por isso, ao final, ele pede ajuda até mesmo a algum ladrão. O mais interessante é que a música, gravada em 1974, passou no primeiro crivo da censura!
Mosca na Sopa, de Raul Seixas
Apesar de muitos não considerarem a música de Raul como crítica ao regime militar, o seu principal sentido atribuído é o de que a mosca é o povo e a sopa, os militares. Assim sendo, o povo seria aquele que atrapalha, incomoda. Porém, mesmo assim, não pode ser eliminado, pois sempre existem aqueles que se levantam contra o regime.
Que as crianças cantem livres, de Taiguara
Taiguara foi um dos músicos mais censurados e perseguidos durante a Ditadura Militar. Teve 68 canções censuradas e foi obrigado a se exilar, ao ser ameaçado, inúmeras vezes, de tortura. Em Que as crianças cantem livres, Taiguara, fala sobre os problemas graves do período, mas com uma esperança ao final de seus versos. Esperança de tempos livres, onde as crianças poderão cantar livremente.
É, de Gonzaguinha
Gonzaguinha foi mais um ferrenho crítico à Ditadura. Porém, suas músicas tinham um significado mais cheio de esperança. A música É se tornou um grito de liberdade com versos diretos e sem rodeios.
Vence na vida quem diz sim, de Chico Buarque
Para encerrar, mais uma de Chico e, em minha opinião, a mais forte da lista. Vetada na íntegra pelos censores, fato muito difícil de acontecer, ela fala sobre a necessidade de se dizer “sim” à tudo no período. Se te torturassem, por exemplo, deveria responder “sim”. Desse modo, provavelmente os militares se contentariam e a tortura cessaria.
Meu caro Amigo, de Chico Buarque

Foi uma carta musicada que Chico escreveu para Augusto Boal que encontrava foragido e exilado na França e não poderia ser localizado pelos ditadores que tinham ordem expressa de localizá-lo e matá-lo, por este motivo ele não poderia receber correspondências até mesmo porque não tinha residência fixa, vivia mudando de cidade e de país a cada 2 á 3 meses, para sua segurança e de sua família. Assim como Chico outros artistas utilizaram a musica para informar aos guerrilheiros e artista exilados como estava indo a coisa no Brasil, como Elis Regina com as musica Alô, Alô Marciano entre outras.