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quarta-feira, 21 de maio de 2014
50 ANOS DA DITADURA MILITAR NO BRASIL
Numa
época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo que
expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o Brasil
viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem hinos e
verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de
se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas,
elas traduziam tudo o que sentiam.
Além
disso, os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela
TV Tupi, auxiliaram na divulgação das canções tornando-as ainda mais populares.
Essa lista pretende mostrar as músicas que criticavam o governo militar,
contando um pouco da história de cada uma delas e seus significados ocultos,
que passaram, muitas vezes, batidos pela censura.
Pra
Não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré
Nada
mais lógico e natural que começar a lista com o hino do movimento de
resistência. Pra Não Dizer que
não Falei das Flores, composta em 1968, pelo paraibano Geraldo Vandré, fez
com que os militares censurassem a canção por fazer clara referência contrária
ao governo ditatorial. O refrão “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/
Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer” foi considerado um verdadeiro
chamado às ruas contra os ditadores.
Além
do refrão, a estrofe “Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/
De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela
pátria/ E viver sem razão” é uma das mais explícitas das produções musicais no
momento. Não faz rodeios. Vai direto à crítica aos militares.
O
sucesso da canção é atribuído aos mais diversos fatores: a rima de fácil
assimilação e que “gruda”; a melodia em forma de hino, o que acaba por se
tornar mais uma provocação ao regime; além de retratar os desejos e anseios da
geração da época. Ao lado, uma gravação histórica de Vandré cantando a canção
no Maracanãzinho, em 1968, que inclui uma severa crítica aos militares no
início e uma série de vaias provindas da arquibancada.
Apesar
de você, de Chico Buarque
Provavelmente,
a música mais representativa do momento da safra de Chico Buarque, um dos
principais compositores contrário ao regime militar. Lançada em 1970, foi
imediatamente censurada pelos militares que, rapidamente, identificaram a
crítica implícita à falta de liberdade.
Porém,
antes mesmo da censura, a cantora Clara Nunes gravou e lançou a canção em um
compacto. Foi o bastante para a música, assim como Pra Não Dizer que não Falei das
Flores, se tornasse um hino de resistência, sendo comum ver pessoas
entoando o refrão nas ruas.
Chico
e Clara, aliás, sofreram consequências. Chico foi perseguido e censurado pelo
restante do governo. Suas músicas, até mesmo as que não possuíam uma crítica
muito dura, eram censuradas e proibidas de serem gravadas. Já Clara Nunes se
viu obrigada a realizar publicidade ao governo para não sofrer outras sanções.
Opinião,
de Zé Keti
Opinião, do
Zé Keti, inicialmente, nada tinha a ver com o Regime Militar. Composta em 1964
para a peça teatral homônima, ela era uma crítica ao governo estadual do Rio de
Janeiro que desejava retirar as favelas do morro. Porém, o sucesso da música na
voz da cantora Nara Leão foi tão grande que acabou transcendendo o problema
local e se tornou uma crítica ao governo militar que viria a censurar, quatro
anos depois, a canção de Zé Keti.
Apesar
da letra impactante e extremamente forte, é interessante um comentário do
escritor Ruy Castro sobre um dos versos, o trecho “deixa andar/deixa andar”, no
qual o eu-lírico fica conformado com a situação. “Era inacreditável que as
pessoas não se sentissem desconfortáveis na plateia quando Zé Keti continuava a
letra e cantava o trecho que apresenta o mais leso e preguiçoso conformismo,
mas ninguém parecia reparar, afinal”, dizia o escritor.
O
Bêbado e a Equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco
Em
1977, João Bosco fez a melodia, inspirado pela morte de Charlie Chaplin, e
entregou para Aldir Blanc colocar a letra. Alguns anos depois, com o uso de
metáforas, traço característico da obra de Aldir, a música acabou se tornando
um marco da luta contra a ditadura ao criticar a ditadura militar de uma forma
extremamente poética.
A
poesia, aliás, começa no título. O bêbado seria a representação de todos os
artistas que lutavam contra o regime. E a equilibrista é a esperança de que
dias com liberdade virão. Além disso, outras referências são feitas. O verso “E
nuvens/ Lá no mata-borrão do céu”, por exemplo, refere-se aos militares
(nuvens, ou seja, inalcançáveis), que ficavam no DOI-CODI (mata-borrão, para
corrigir erros) e que, assim como os militares, ficavam inalcançáveis (céu).
Enfim, O Bêbado e a
Equilibrista é genial.
Ponteio,
de Edu Lobo
Ponteio,
sucesso de Edu Lobo de 1967,é uma das músicas mais complicadas de se achar um
significado crítico ao regime militar. Porém, ao se analisar mais
profundamente, nota-se que o eu-lírico mostra um desejo de tocar sua viola, mas
é impedido pelo tempo mudado (ditadura). Por isso, ele teria que
procurar um novo lugar para depositar seus desejos e anseios.
Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio
Sampaio
Durante
a Ditadura, os militares andavam com tropas pelas ruas para evitar
manifestações populares. Sérgio Sampaio, então, no ano de 1972, lança Eu quero é botar meu bloco na rua, onde o compositor impõe seu desejo de que as
tropas sejam substituídas pelos blocos (povo). Além disso, refere-se aos
militares comoDurango Kid, um durão cowboy dos faroestes americanos.
Cálice,
de Chico Buarque e Gilberto Gil
A
música, composta em 1973, só pode ser lançada cinco anos depois, devido à forte
censura. Fazia um inteligentíssimo jogo de palavras entre “cálice” e “cale-se”.
Além disso, faz claras referências ao regime da época em versos fortíssimos
como “quero cheirar fumaça de óleo diesel”, onde faz alusão à prática de
tortura onde o preso era submetido ao processo de inalar fumaça de óleo diesel.
Como
nossos pais, de Belchior
Como
nossos pais, do cantor e compositor Belchior e sucesso na voz de Elis
Regina, fala de uma juventude que era reprimida pela ditadura, não
possibilitando que a situação política do país fosse mudada. Ou seja, agíamos
como nossos pais, sem vontade ou sem sentir a necessidade de lutar para mudar o
então quadro político.
Apesar
da visão acima ser a mais frequente, o significado da música ainda é pouco
certo. Alguns alegam que Belchior queria apenas passar um desabafo aos jovens
que viviam na base de uma ideologia qualquer, sem viver a vida plenamente.
Alegria,
Alegria, de Caetano Veloso
Lançada
em 1967, a letra indica os abusos sofridos cotidianamente pelo cidadão. Seja
nas ruas, nos meios de comunicação ou em qualquer parte do próprio país. Ela
crítica várias mazelas que atacavam o Brasil no período através de inteligentes
metáforas. Era o abuso de poder, a violência praticada pelo regime, o
cerceamento da liberdade de expressão e até mesmo desníveis sociais.
Primavera
nos dentes, de João Ricardo e João Apolinário
Muitos
consideram Chico Buarque como o grande herói da luta contra a ditadura e acabam
se esquecendo do grupo Secos
& Molhados. Liderados por Ney Matagrosso, eles gravaram uma série de
canções com uma crítica muito bem escondida ao regime militar. Eram letras com
um teor ácido muito intenso e interessantíssimo. Além disso, só de se analisar
o visual dos integrantes, que pintavam o rosto e se apresentavam com roupas
extravagantes, já era uma provocação aos conservadores militares.
Aqui,
uma canção com uma crítica ao regime formidável e muito bem construída por João
Ricardo, integrante do grupo, e seu pai, João Apolinário.
Acorda
Amor, de Chico Buarque
Mais
uma canção do mestre Chico Buarque. Essa, porém, é uma das mais explícitas. Em
um dos trechos (“era a dura/numa muito escura viatura”) faz quase uma
referência direta à ditadura militar. De maneira muito clara, ela narra a
história de alguém que é levado de casa pelos militares por ser um opositor ao
regime.
O que
é interessante de ser observado é que o eu-lírico até se confunde ao tentar
pedir ajuda. Ele pede, desesperadamente, para chamar alguém. Mas quem? A polícia?
Por isso, ao final, ele pede ajuda até mesmo a algum ladrão. O mais
interessante é que a música, gravada em 1974, passou no primeiro crivo da
censura!
Mosca
na Sopa, de Raul Seixas
Apesar
de muitos não considerarem a música de Raul como crítica ao regime militar, o
seu principal sentido atribuído é o de que a mosca é o povo e a sopa, os
militares. Assim sendo, o povo seria aquele que atrapalha, incomoda. Porém,
mesmo assim, não pode ser eliminado, pois sempre existem aqueles que se
levantam contra o regime.
Que
as crianças cantem livres, de Taiguara
Taiguara
foi um dos músicos mais censurados e perseguidos durante a Ditadura Militar.
Teve 68 canções censuradas e foi obrigado a se exilar, ao ser ameaçado,
inúmeras vezes, de tortura. Em Que
as crianças cantem livres, Taiguara, fala sobre os problemas graves do
período, mas com uma esperança ao final de seus versos. Esperança de tempos
livres, onde as crianças poderão cantar livremente.
É, de
Gonzaguinha
Gonzaguinha
foi mais um ferrenho crítico à Ditadura. Porém, suas músicas tinham um
significado mais cheio de esperança. A música É se tornou um grito de liberdade
com versos diretos e sem rodeios.
Vence
na vida quem diz sim, de Chico Buarque
Para
encerrar, mais uma de Chico e, em minha opinião, a mais forte da lista. Vetada
na íntegra pelos censores, fato muito difícil de acontecer, ela fala sobre a
necessidade de se dizer “sim” à tudo no período. Se te torturassem, por
exemplo, deveria responder “sim”. Desse modo, provavelmente os militares se
contentariam e a tortura cessaria.
Meu caro Amigo, de Chico Buarque
Foi uma carta musicada que Chico escreveu para
Augusto Boal que encontrava foragido e exilado na França e não poderia ser
localizado pelos ditadores que tinham ordem expressa de localizá-lo e matá-lo,
por este motivo ele não poderia receber correspondências até mesmo porque não
tinha residência fixa, vivia mudando de cidade e de país a cada 2 á 3 meses,
para sua segurança e de sua família. Assim como Chico outros artistas
utilizaram a musica para informar aos guerrilheiros e artista exilados como
estava indo a coisa no Brasil, como Elis Regina com as musica Alô, Alô Marciano
entre outras.
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